No cenário atual, as apostas têm ganhado uma atenção significativa, tanto de autoridades quanto de especialistas no Brasil. De acordo com uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), cerca de 10,9 milhões de brasileiros estão envolvidos em práticas de apostas que apresentam riscos.
Essas informações foram coletadas no Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad), que é conduzido para o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP). Um dos principais achados, conforme noticiado pelo Estadão, é que os adolescentes constituem o grupo mais suscetível ao vício em apostas. Para uma análise mais profunda sobre os riscos, consulte o estudo sobre a ANJL Alerta.
Dados Alarmantes sobre o Vício em Apostas
Um novo estudo divulgado pela Unifesp destaca que, dos apostadores no país, 1,4 milhão manifestou sinais de transtornos relacionados a jogos, resultando em prejuízos financeiros e sociais.
Esta pesquisa é a primeira a compilar dados sobre o vício em jogos de apostas, incluindo aquelas realizadas pela internet, conhecidas como “bets”. A amostra abrangeu 16 mil indivíduos com 14 anos ou mais, segmentados em adolescentes (14 a 17 anos) e adultos (18 anos ou mais).
A Escala de Severidade do Jogo Patológico
Para mensurar os níveis de risco associados às apostas, o estudo utilizou a escala Problem Gambling Severity Index (PGSI), que avalia o comportamento dos apostadores. A escala investiga se o jogador aposta mais do que pode perder, se tenta recuperar perdas com novas apostas e se enfrenta problemas financeiros causados pelo jogo.
Crescimento das Bets e Seus Riscos
O levantamento revela que 9,3 milhões de pessoas no Brasil estão usando “bets”, tornando-se a segunda forma de apostas mais popular, superando até mesmo o jogo do bicho. Apesar disso, as loterias continuam sendo o ambiente mais frequente para apostas no país.
O psiquiatra Ronaldo Laranjeira, professor da Unifesp e diretor da Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas (Uniad), comenta: “Os dados do levantamento ressaltam a crescente popularidade das apostas, impulsionada por plataformas online”.
A preocupação se intensifica quando se observa que 66,8% dos apostadores de bets estão utilizando tais plataformas de maneira arriscada ou problemática, em contraste com apenas 26,8% dos apostadores de outras modalidades.
Adolescentes em Risco
O estudo também alerta para o crescente envolvimento de adolescentes nas apostas. Entre os jovens de 14 a 17 anos, 10,5% relataram ter apostado no último ano, e, ademais, 55,2% desses apostadores estão em situação de risco.
Gustavo Estanislau, psiquiatra e membro do Instituto Ame Sua Mente, aponta: “Do ponto de vista neurobiológico, os adolescentes têm um controle inibitório reduzido e uma maior ativação emocional”.
Recomendações para Proteção da População
Como forma de proteção da saúde pública, os pesquisadores sugerem a implementação de diversas medidas, incluindo a restrição de propagandas e patrocínios de apostas que possam expor menores. A publicidade associada a eventos esportivos, como jogos de futebol, é um ponto crítico que deve ser abordado por autoridades e especialistas em saúde e educação.
Outro aspecto enfatizado é a necessidade de mudar a narrativa em torno dos jogos de apostas, criticando o termo “Jogo Responsável”. Os cientistas defendem campanhas que evidenciem que comportamentos arriscados não devem ser normalizados, afastando a ideia de que é viável haver um “jogo responsável”.
Quer saber mais? leia mais aqui. Também é importante compreender os desafios e perspectivas da regulamentação das apostas esportivas no Brasil.
Fontes: Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Estadão.