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Jogo do Bicho: Como Funciona, Por Que É Ilegal e o Que Diz o Projeto de Legalização

O jogo do bicho é uma das apostas mais tradicionais e populares do Brasil, mesmo sendo considerado ilegal desde 1941. Apesar da proibição, ele movimenta bilhões de reais todos os anos em uma rede informal espalhada por todo o país.

Segundo o Instituto Brasileiro Jogo Legal (IJL), em 2024 o jogo do bicho arrecadou R$ 12 bilhões em mais de 350 mil pontos de venda, superando em muito as 12.600 lotéricas da Caixa Econômica Federal. A legalização dessa prática poderia gerar empregos, arrecadação tributária e regulamentação do setor.

Neste artigo, entenda como funciona o jogo do bicho, por que ele é ilegal, o que prevê o projeto de lei em tramitação no Congresso e quais são os riscos sociais da sua legalização.


Como Funciona o Jogo do Bicho

O jogo do bicho opera como uma estrutura organizada, quase empresarial, com papéis bem definidos:

  • Banqueiro: financia o esquema, recolhe as apostas e paga os prêmios.
  • Gerente ou bicheiro: supervisiona bancas e coordenadores locais.
  • Anotador (ou cambista): registra as apostas e atua diretamente com o público.

As apostas são feitas com base em 25 animais, cada um representando quatro dezenas. Por exemplo:

  • Grupo 01 – Avestruz: 01, 02, 03, 04
  • Grupo 25 – Vaca: 97, 98, 99, 00

O jogador pode escolher:

  • Um animal (grupo) e apostar em suas dezenas;
  • Uma dezena exata, como 28;
  • Uma centena, como 328;
  • Um milhar, como 4328.

O sorteio pode ser feito internamente ou vinculado ao resultado das loterias federais. O prêmio é proporcional ao valor apostado e à probabilidade de acerto.


Por Que o Jogo do Bicho É Ilegal?

O jogo do bicho é considerado uma contravenção penal desde o Decreto-Lei nº 3.688/1941. Por não ter fiscalização, o jogador não possui garantias legais em caso de fraude ou prejuízo. Além disso, há riscos de envolvimento com o crime organizado.


O Jogo do Bicho é um Tipo de Investimento?

Apesar de sua popularidade, o jogo do bicho não é um investimento. Assim como loterias e apostas esportivas (bets), ele é um jogo de azar, ou seja, depende exclusivamente da sorte.

O especialista Virgílio Lage alerta que nenhuma dessas modalidades deve ser considerada uma fonte de renda extra. “Apostar envolve risco extremo, e no caso do jogo do bicho, não há qualquer fiscalização ou segurança jurídica”, explica.


O Projeto de Lei para Legalizar o Jogo do Bicho

Em tramitação desde 2022, o PL 2.234/2022 busca regulamentar o jogo do bicho, cassinos, bingos e apostas online. A proposta prevê:

  • Concessões legais;
  • Fiscalização estatal;
  • Arrecadação de impostos;
  • Medidas de mitigação de danos sociais.

Destaques do projeto:

  • Taxa de Fiscalização de Jogos e Apostas (Tafija): R$ 20 mil por trimestre.
  • Cide-Jogos: imposto de até 17% sobre a receita bruta.
  • Imposto de Renda sobre prêmios: 20% para ganhos acima de R$ 10 mil.

A proposta estima a criação de 1,5 milhão de empregos e R$ 22 bilhões/ano em arrecadação. Ainda não há data definida para votação no Senado.


Quais São os Riscos da Legalização?

Especialistas apontam que, apesar dos possíveis benefícios econômicos, há grandes riscos sociais:

  • Vício em jogos de azar;
  • Endividamento crônico de famílias;
  • Vulnerabilidade financeira;
  • Possível estímulo à ludopatia.

Para minimizar esses riscos, o projeto propõe campanhas educativas, auditorias regulares e fundos para prevenção e apoio a dependentes.


Legalizar é Romper com o Estigma?

O advogado Franchescoly Canevale argumenta que a proibição atual é carregada de preconceito cultural. “Enquanto o jogo do bicho é tratado como marginal, as loterias e apostas online são incentivadas pelo próprio Estado”, afirma.

Segundo ele, a legalização pode enfraquecer a criminalidade e permitir uma exploração segura, transparente e socialmente responsável da atividade.


Conclusão

O jogo do bicho representa um desafio jurídico, social e econômico. Legalizar pode trazer formalidade, receita e controle, mas também exige cautela e regulação rigorosa para evitar prejuízos à sociedade.

A discussão ainda está aberta no Congresso e promete gerar muitos debates nos próximos meses.

João das Bets

"Sou um escritor movido pela paixão por tecnologia, apostas e inteligência artificial. Adoro explorar e compartilhar conhecimentos, traduzindo ideias complexas em conteúdo acessível e inspirador. Sempre em busca de novas formas de conectar pessoas com inovação."

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