Cresce a preocupação com apostas ilegais entre menores de idade
O Brasil vive um momento delicado com o avanço do mercado de apostas online. Enquanto plataformas legalizadas adotam medidas de segurança rigorosas, os sites ilegais de apostas se multiplicam e colocam em risco a saúde mental e emocional dos jovens brasileiros. Um levantamento recente do Ministério da Justiça e Segurança Pública revelou que 55% dos adolescentes entre 14 e 17 anos que apostam apresentam sinais de risco ou transtornos associados ao jogo.
Os dados reforçam o alerta da Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL), que vem denunciando a falta de controle e fiscalização sobre essas plataformas clandestinas.
Acesso facilitado: o perigo dos sites não regulamentados
Segundo a ANJL, a maioria dos problemas tem origem na proliferação de sites de apostas que operam ilegalmente no país, sem qualquer tipo de regulação ou exigência de cadastro com dados reais. Nessas plataformas, não há verificação de idade, reconhecimento facial ou controle responsável, o que abre as portas para que menores de idade iniciem suas jornadas no mundo das apostas.
Plínio Lemos Jorge, presidente da ANJL, destacou em comunicado à imprensa que a situação é extremamente alarmante:
“Temos alertado as autoridades de que o acesso de menores a casas de apostas e jogos online, prática proibida por lei, tem ocorrido por meio das bets ilegais. Sem dispositivos de segurança, essas plataformas facilitam a entrada de crianças e adolescentes nesses ambientes virtuais.”
A responsabilidade também é dos responsáveis
Além dos operadores ilegais, Jorge aponta a negligência de pais e responsáveis como um agravante preocupante. Em muitos casos, adultos acabam cedendo seus próprios dados pessoais para permitir que adolescentes tenham acesso às apostas online, o que também configura crime.
O presidente da ANJL reforça que os sites com autorização do governo federal exigem um processo rigoroso de cadastro, com número de CPF e reconhecimento facial, para garantir que apenas maiores de 18 anos possam jogar — medidas inexistentes nas plataformas clandestinas.
Riscos reais: impactos psicológicos nos adolescentes
O vício em jogos de azar é reconhecido como um problema de saúde pública. E quando atinge crianças e adolescentes, os danos podem ser ainda mais severos. Os principais riscos incluem:
- Desenvolvimento de transtornos de ansiedade e depressão
- Compulsão e perda de controle financeiro
- Queda no rendimento escolar e distanciamento social
- Aumento da propensão ao crime e à dependência digital
Esse panorama tem chamado atenção de entidades internacionais. O UNICEF da Argentina, por exemplo, lançou recentemente um guia de conscientização sobre os riscos do vício em jogos de azar entre menores, voltado a educadores, pais e responsáveis.
Caminhos para a prevenção e solução
A ANJL reforça que o combate ao acesso de menores às apostas deve ser feito por meio de ações conjuntas entre o governo, o setor regulado e a sociedade civil. As principais medidas incluem:
- Fiscalização e bloqueio de sites ilegais
- Campanhas educativas sobre os riscos do jogo precoce
- Apoio psicológico e orientação familiar
- Investimento em tecnologia de verificação de identidade nas plataformas
Além disso, é fundamental que o mercado regulado continue colaborando com os órgãos competentes para proteger os jovens e garantir um ambiente de apostas mais seguro e responsável.
Conclusão: responsabilidade compartilhada
Os dados do Ministério da Justiça escancaram uma realidade preocupante: os adolescentes brasileiros estão sendo expostos a um universo de alto risco por meio das apostas ilegais. A ANJL cumpre um papel essencial ao denunciar e cobrar providências, mas cabe a todos — plataformas, governo, educadores e famílias — atuarem com firmeza para impedir que esse problema se agrave ainda mais.
A regulamentação adequada, o acesso restrito e o diálogo aberto sobre os riscos das apostas são os pilares para proteger as futuras gerações do vício precoce e das consequências irreversíveis do jogo descontrolado.