Quando Pelé Parou uma Guerra: A História do Jogo em Benin City
Introdução
Poucos atletas na história transcenderam o esporte da maneira como Pelé. Seu talento era tão imenso que, em 1969, ele protagonizou um dos episódios mais incríveis do futebol: parou uma guerra.
Durante uma excursão do Santos Futebol Clube pela África, em plena guerra civil na Nigéria, foi decretado um cessar-fogo temporário para que tropas rivais assistissem a um amistoso entre o Santos e a Seleção de Benin City.
Neste artigo, vamos relembrar esse momento histórico, entender o contexto político da época e o impacto duradouro desse feito que só poderia ter sido realizado por “O Rei do Futebol”.
A Guerra Civil da Nigéria: Entenda o Contexto
A Guerra Civil da Nigéria, também conhecida como Guerra de Biafra, foi um dos conflitos mais sangrentos da África no século XX.
Principais fatos da guerra:
Item | Detalhes |
---|---|
Duração | 1967–1970 |
Motivo principal | Separatismo da região de Biafra |
Custo humano | Cerca de 1 milhão de mortos |
Situação em 1969 | Conflito ainda muito ativo e violento |
A guerra envolvia o governo nigeriano e a região sudeste do país, que declarou independência como a República de Biafra.
Nesse cenário de caos, a chegada de Pelé à Nigéria parecia improvável — mas aconteceu.
A Excursão do Santos pela África
Entre 1967 e 1970, o Santos Futebol Clube realizava frequentes excursões internacionais, levando o talento de Pelé e seus companheiros para os quatro cantos do mundo. A equipe era considerada uma atração global.
Segundo relatos oficiais do Santos FC (confira aqui), a turnê pela África foi organizada para promover o futebol brasileiro e arrecadar fundos para o clube.
A agenda incluía:
- Gana
- Congo
- Argélia
- Nigéria
E, claro, a famosa partida em Benin City, onde a magia de Pelé viria a fazer história.
O Dia em que Pelé Parou a Guerra
Em 4 de fevereiro de 1969, o Santos enfrentou a Seleção de Benin City em um amistoso histórico.
Para que a partida pudesse ocorrer sem riscos, foi decretado um cessar-fogo de 48 horas entre as tropas do governo nigeriano e os rebeldes de Biafra.
Detalhes da partida:
- Local: Estádio Samuel Ogbemudia (então Ogbe Stadium), em Benin City
- Público: Cerca de 25.000 pessoas
- Resultado: Santos venceu por 2×1, com Pelé marcando um dos gols
A presença de Pelé foi tão poderosa que rivais largaram suas armas apenas para vê-lo jogar.
O governo nigeriano considerava a partida como uma chance de mostrar à população que o país ainda tinha capacidade de realizar eventos pacíficos.
A Lenda: Fato ou Exagero?
Embora existam algumas divergências entre historiadores sobre os detalhes do cessar-fogo, a própria FIFA reconhece a história como real (leia mais aqui).
Além disso, o próprio Pelé, em sua autobiografia “Pelé: A Autobiography“, confirma que a equipe foi informada de que a presença deles havia motivado a trégua.
O Poder da Imagem de Pelé
A história reforça o quanto Pelé era mais do que um jogador:
- Símbolo de Paz: Sua imagem transcendia fronteiras e conflitos.
- Figura Diplomática: Em tempos difíceis, a presença de Pelé era associada a esperança e alegria.
- Embaixador Global do Futebol: Antes mesmo do termo “marketing esportivo” se popularizar, Pelé já levava o nome do Brasil e do futebol a lugares remotos.
O Santos FC se orgulha até hoje desse feito, que ajudou a consolidar sua imagem internacional (saiba mais aqui).
Curiosidades sobre a Excursão
- O Santos enfrentava calendários malucos: jogos a cada dois dias em países diferentes.
- Além da guerra civil, o time também enfrentou epidemias e instabilidade política em várias cidades.
- O sucesso da turnê foi tão grande que aumentou a influência do futebol brasileiro na África.
Como a História Impactou o Futebol
A visita do Santos e de Pelé à África deixou um legado importante:
Impacto | Descrição |
---|---|
Popularização do futebol | O esporte cresceu em popularidade na Nigéria e África |
Inspiração para gerações | Muitos futuros jogadores africanos citam Pelé como ídolo |
Relações diplomáticas | Mostrou o poder do esporte em unir povos em conflito |
Essa história é contada até hoje em escolas de futebol e programas de formação de atletas em toda a África.
Conclusão
O episódio de 1969 em Benin City é mais uma prova de que Pelé era muito maior do que o futebol. Ele representava esperança em meio ao desespero, união em tempos de separação, e alegria onde predominava a tristeza.
Em meio à violência da guerra civil, o poder do esporte — personificado na figura de Pelé — trouxe uma pausa, ainda que breve, para um povo sedento por paz.
O dia em que Pelé parou uma guerra é um dos capítulos mais belos e emocionantes da história do futebol — e uma lição eterna sobre o poder de transformar o mundo através do esporte.