STF suspende bloqueio de usuários que recebem bolsa familia: apostas em bets são liberadas
STF suspende bloqueio de contas ativas em operadoras de apostas e marca audiência para fevereiro
STF suspende bloqueio de contas ativas em operadoras de apostas, mantendo temporariamente a vedação de abertura de novas contas para beneficiários de programas sociais até passar pela fase de conciliação. A decisão, proferida pelo Supremo Tribunal Federal, visa evitar efeitos irreversíveis enquanto se avaliam as implicações das regras que restringem a participação de beneficiários de programas como Bolsa Família e BPC em apostas de quota fixa.
Resumo da decisão e seu alcance
A medida judicial mantém em vigor a proibição de cadastros recentes, conforme estabelecido por normativa específica, mas impede o fechamento de contas já existentes até que haja um acordo entre as partes em audiência. Em síntese, a decisão evita medidas de encerramento compulsório das contas ativas enquanto se discute a matéria em debate processual.
- As contas de usuários contemplados por programas sociais não podem ser fechadas imediatamente, até a conclusão da fase conciliatória.
- O bloqueio de novos cadastros ou a abertura de novas contas continua suspenso temporariamente durante o processo de negociação.
- A audiência de conciliação foi reagendada para 10 de fevereiro de 2026, às 15h, com a participação das partes envolvidas, inclusive entidades representativas do setor e órgãos reguladores.
- As demais providências da decisão anterior permanecem em vigor, sujeitas a reavaliação durante o andamento do julgamento.
Contexto regulatório e atores envolvidos
A controvérsia surgiu após a vigência de atos normativos emitidos pelo Ministério da Fazenda, que tratam de regras aplicáveis aos segmentos de apostas online. Tais medidas geraram interpretações divergentes sobre como implementar a liminar concedida pelo STF, iniciada no fim de 2024 e referendada pelo plenário em novembro do mesmo ano.
Casos recentes envolvendo a atuação de casas de apostas credenciadas pela Loterj também têm sido discutidos no âmbito do STF, com decisões que sinalizam diretrizes para operações de quota fixa. Confira as repercussões nesses temas:
- STF Mantém Decisão Que Limita Atuação de Casas de Apostas Credenciadas Pela Loterj
- STF Confirma Proibição de Loterj Credenciar Bets Fora do Rio de Janeiro
Inicialmente, o relator havia determinado uma audiência de conciliação para março de 2026, envolvendo, entre outras partes, a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), a ABLE (Associação Brasileira de Liberdade Econômica), a União, o Ministério da Fazenda e a Procuradoria-Geral da República. A ANJL (Associação Nacional de Jogos e Loterias) pediu participação na audiência para representar os operadores de apostas de quota fixa, alegando que as entidades convidadas não representavam diretamente esse segmento específico.
Além disso, a ABLE encaminhou manifestações ao STF indicando preocupações sobre regulamentações recentes do Ministério da Fazenda que, segundo a associação, atingem pessoas sem vínculos diretos com benefícios sociais, bem como dependentes cadastrados em cadastros oficiais. Registros cadastrais inconsistentes e defasagens em bases de dados teriam provocado impactos sobre indivíduos que não recebem benefícios, mas são listados como dependentes em cadastros governamentais.
Atuação institucional da ANJL e contexto de cooperação
A ANJL tem atuado de forma pró-ativa no cenário regulatório do setor. Em 25 de setembro de 2025, a associação firmou acordo técnico com a Fazenda e a ANATEL para aprimorar a detecção de operações ilícitas de apostas. Em 30 de setembro do mesmo ano, foi celebrado um acordo entre o Ministério do Esporte e a ANJL com foco na prevenção de manipulação de resultados esportivos e na promoção de práticas de jogo responsável. A entidade participou de audiência pública convocada pelo relator, apresentando parecer técnico sobre os impactos da regulamentação das apostas online, com ênfase na proteção de grupos vulneráveis.
A decisão liminar original, emitida em novembro de 2024, determinou a aplicação imediata de medidas que impedissem a participação de beneficiários de programas sociais em apostas de quota fixa, até o julgamento de mérito das ações, como forma de resguardar o equilíbrio entre interesse público e liberdade econômica.
Implicações práticas e próximos passos
Com a suspensão parcial, o objetivo é manter um equilíbrio entre a necessidade de coibir condutas abusivas e a cautela necessária para evitar impactos não intencionais sobre usuários cadastrados em programas sociais. A audiência agendada para fevereiro de 2026 deve oferecer espaço para conciliar interesses entre reguladores, operadores, entes públicos e entidades de classe, buscando soluções que conciliem fiscalização eficaz e respeito aos direitos econômicos.
Entre os desdobramentos possíveis, podem surgir ajustes na forma como são aplicadas as medidas cautelares, revisão de cadastros em bases de dados oficiais, e eventuais mutirões para esclarecer inconsistências cadastrais que resultem em falsos positivos. A continuidade da regulamentação envolve o acompanhamento de novas regulamentações, como portarias e instruções normativas, que podem redefinir o alcance das obrigações operacionais para as plataformas de apostas.
Impactos para o setor e para os usuários
Do lado operacional, as plataformas de apostas devem adaptar seus sistemas para cumprir as decisões judiciais sem prejuízo à experiência do usuário. Do lado do beneficiário, permanece a necessidade de acompanhar o andamento regulatório e entender como as regras podem afetar a participação em apostas, bem como o tratamento de dados cadastrais junto aos bancos e órgãos públicos.
É relevante observar que, embora haja suspensão do fechamento de contas existentes, as autoridades regulatórias continuam atentas ao cumprimento das normas que vedam a participação de determinados perfis de usuários em atividades de jogo com recursos provenientes de programas sociais. A eventual revisão dessas regras dependerá, em parte, do resultado da audiência conciliatória e dos debates que ocorrerem durante a fase processual.
Tabela de pontos-chave: cronologia e medidas
| Medida administrativa | Situação atual | Impacto principal | Data relevante |
|---|---|---|---|
| Bloqueio/encerramento de contas ativas existentes | Suspenso temporariamente | Protege usuários existentes até a audiência | Decisão proferida recentemente |
| Proibição de novos cadastros | Mantida até a fase de conciliação | Impede novas inscrições de beneficiários em plataformas de apostas | Até nova deliberação |
| Audiência de conciliação | Agendada | Espaço para negociações entre partes | 10 de fevereiro de 2026, às 15h |
| Normativas regulatórias (Portaria/INs) | Normativas em vigor com efeito potencial de alteração | Podem redefinir obrigações das plataformas | Período regulatório em curso |
Considerações finais
O episódio evidencia o papel do STF em mediar o equilíbrio entre políticas públicas de proteção social, fiscalização de atividades de apostas e fundamentos da liberdade econômica. A decisão de suspender o fechamento de contas existentes, mantendo a restrição a novos cadastros, reflete a preocupação com eventual irreversibilidade de atos regulatórios. À medida que a audiência de conciliação se aproxima, espera-se que os representantes regulatórios, as organizações do setor e o governo apresentem propostas que harmonizem proteção de grupos vulneráveis com a continuidade operacional das plataformas de apostas, preservando o ambiente de negócios e a segurança dos usuários.



